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segunda-feira, 21 de abril de 2014

Eu não sei

Se alguém pode realmente chegar ao estado de dizer, “Eu não sei”, isto indica um extraordinário sentido de humildade; não existe arrogância do conhecimento; não há resposta auto-afirmativa para causar impressão. Quando você pode de fato dizer, “Eu não sei”, o que muito poucos são capazes de dizer, então nesse estado todo o medo cessa, pois todo sentido de reconhecimento, a busca na memória, chegou ao fim; não há mais investigação dentro do campo do conhecido. Então chega a coisa extraordinária. Se você acompanhou até aqui o que estou dizendo, não só verbalmente, mas se você está de fato experimentando isto, descobrirá que quando você pode dizer, “Eu não sei”, todo condicionamento parou. E qual, então, é o estado da mente?
Nós estamos buscando alguma coisa permanente – permanente no sentido de tempo, algo duradouro, eterno. Vemos que tudo a nossa volta é transitório, fluente, nasce, definha e morre, e nossa procura é sempre para estabelecer uma coisa que vai durar dentro do campo do conhecido. Mas aquilo que é realmente sagrado está fora da medida do tempo; não é para ser encontrado dentro do campo do conhecido. O conhecido opera apenas através do pensamento, que é a resposta da memória ao desafio. Se eu vejo isso, e quero descobrir como cessar o pensamento, o que vou fazer? Certamente, devo através do autoconhecimento, estar cônscio de todo o processo de meu pensamento. Eu tenho que ver que todo pensamento, conquanto sutil, conquanto sublime, ou conquanto ignóbil, estúpido, tem suas raízes no conhecido, na memória. Se vejo isso muito claramente, então a mente, quando confrontada com um problema imenso, é capaz de dizer, “Eu não sei”, porque ela não tem resposta.
J. Krishnamurti, The Book of Life


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