Existem pelo menos três dados sobre os quais baseamos o nosso conhecimento os quais deveriam nos convidar a uma profunda reflexão sobre o confuso sistema de pensamento que permeia toda a civilização humana: mapeamos somente o 3% do nosso DNA (os 97% restante é aparentemente sem função); conhecemos somente o 4% da composição efetiva do universo (os 96% restante são a “misteriosa” matéria escura ); nada no cosmos pode viajar a uma velocidade igual ou superior à da luz (Einstein).
A reflexão, portanto, nos impõem uma pergunta: podemos afirmar que o que conhecemos como “ciência” é o instrumento certo para analisar e compreender a realidade que nos rodeia?
No lugar de uma resposta retórica, vamos aos exemplos práticos:
A estrutura atômica. Se quiséssemos ter uma representação gráfica de como o átomo – a unidade constituinte de todas as manifestações físicas, orgânicas e não – é estruturado, deveríamos imaginar um campo de futebol e uma cabeça de alfinete posta no seu centro. Nestas devidas proporções manifesta-se a matéria (o alfinete, ou seja, o núcleo de prótons e nêutrons), e o espaço vazio onde rodeiam os elétrons. Não é então um atrevimento afirmar que todas as coisas, as plantas, os animais e os homens, são feitos mais de vazios que de material denso.
Se analisarmos, porém o núcleo atômico em detalhes, descobriremos que a sua base material é constituída de quark… que são micro-partículas luminais elétricas. Assim, se são os quark os verdadeiros constituintes do núcleo atômico, não seria errado afirmar que somos feitos, nos e todas as coisas, de luz. E se ainda não fosse-nos bastante, e quiséssemos aprofundar-nos no infinitamente pequeno, acharíamos uns filamentos invisíveis – as supercordas – que alongam-se e encurtam-se, produzindo com este movimento… vibrações, ou seja sons.
A matéria, então, analisada pela física e pela biologia, não é se não vazio, luz e sons. Parece uma piada, mas não é. O que mais se aproxima a uma piada é a nossa convicção de considerar os nossos conhecimentos comuns como um sinal de inteligência e sabedoria quando, na realidade, trata-se de pura ignorância em relação ao que nos identificamos como “realidade física”.
Estamos partindo deste pressuposto, aparentemente fora do lugar numa exposição que deveria tratar de temas ligados ao espiritualismo, porque parece ser esta a maneira mais lógica, e racional, para tentar de compreender a existência enquanto realidade multidimensional, onde a espiritualidade aparece não somente como uma destas dimensões, mas à que a todas às outras abraça, e que a todas pré-existe.
Se o objetivo das nossas pesquisas é o de desmantelar os credos científicos que nos obrigam a confrontar-nos só e exclusivamente com o que aparentemente parece ser a realidade física, deveríamos fazê-lo seriamente, sem preclusões mentais. Inclusive porque é exatamente a mente o agente que nos condiciona a crer que seja real e verdadeiro somente o que podemos experimentar através dos nossos sentidos corporais.
A distância de poucas semanas da descoberta dos físicos do CERN, na Suíça, que indica num tipo de micro-partículas – os neutrinos – o vetor que desqualificou a teoria da relatividade restrita de Einstein, viajando à velocidades superiores à da luz , podemos voltar à 1992, quando num laboratório francês o professor Aspect, e seus assistentes, fizeram um dos experimentos de maior relevância no campo da física quântica.
Nesta experiência, em resumo, foi tirada uma pequena amostra de tecido celular de um voluntário, e aplicados em ambos reveladores de freqüência e intensidade elétrica. A experiência consistia em estimular reações emotivas no doador, e registrar se a parte do tecido doado – posta a distâncias sempre maiores, até chegar a mais de 500 km do voluntário – sentia o mesmo estímulo, e em quanto tempo isso acontecia. A evidência dos resultados laboratoriais mostrou que as duas partes celulares registravam os mesmos impulsos, contemporaneamente. Os cronômetros eletrônicos não podiam mentir, nem as regras da matemática: apesar da distância, a informação entre as diferentes células corria a uma velocidade superior à da luz.
Naquela época (a experiência com os neutrinos estavam apenas começando ) era vigente o principio de que nada, no universo do espaço-tempo, podia viajar a 300 mil km por segundo – a velocidade da luz. Assim, a única conclusão que restava aos cientistas , que não podiam negar o resultado da experiência de Aspect, foi a de deduzir que a comunicação, a informação, devia ter acontecido fora do contesto físico do universo, fora do espaço-tempo, em uma outra dimensão, paralela ou adjacente à nossa. A “não-localidade quântica”, como foi chamada a experiência de Aspect, fundava as bases de um multi-verso, ou seja de um universo com múltiplas dimensões, dentro às quais era possível criar a hipótese da existência da mais rarefeita de todas, a mais etérea, a espiritual.
Este mesmo conceito, hoje alinhado com as recentes descobertas a respeito das peculiaridades das micro-partículas super-luminais – como o neutrino – não somente quebrava o absolutismo do conceito de espaço e de tempo, relegando-o a uma dimensão específica da física – o espaço-tempo, justamente – mas enchia de novos, desconcertantes significados tudo que, até hoje, pertencia ao território das ciências clássicas.
Para entender a importância das recentes descobertas a respeito do neutrino, no contesto que a nos interessa, temos que fazer um passo atrás, em direção à estrutura do átomo. Dizíamos que a maior parte do espaço atômico é ocupada pelo vazio. É uma maneira de dizer, porque o conceito de vazio é muito relativo no átomo, visto que, no seu interior, agem quatro forças distintas, que são as mesmas que agem em todo o universo: a força gravitacional, a força eletromagnética, a interação nuclear forte e a interação nuclear fraca. E exatamente nesta última que agem os neutrinos, provocando o desencadeamento radioativo dos núcleos atômicos, agindo como uma espécie de “cola” entre protóns e elétrons. Além das particularidades técnicos-científicas desta asserção, o que a nos interessa saber é que em cada átomo que nos pertence agem os neutrinos, que viajam a velocidade maior que a da luz, permitindo aos eletróns de transportar informações além da barreira do espaço-tempo. Isto acontece a toda hora, desde quando nascemos, até o dia da partida, e além desse. A revolução que esta descoberta deverá operar nos ambientes da fenomenologia científica clássica é somente uma questão de tempo, e não vai tardar.
A velocidade de deslocação no universo poderia parecer um conceito avulso das nossas pesquisas, mas não o é, bem pelo contrário. E exatamente graças a esta característica física que percebemos a matéria como tal. Visualizamos um ventilador que gira muito rapidamente. A impressão visível que teremos é a de uma forma circular única e compacta, uma massa escura com um raio igual ao comprimento das pás do ventilador. A impressão, porém, não é só visível, mas tátil, também: se tentarmos por um dedo no meio daquela imagem circular compacta que o aparelho nos mostra, bateríamos contra algo duro. Isto acontece, porém, porque a velocidade do movimento de que dispomos é pouca. Se pudéssemos elevá-la exponencialmente, poderíamos entrar e sair entre as pás em rotação sem nunca tocá-las. Daqui a atravessar paredes… seria um passo.
Os textos védicos nos dizem que a realidade é maya, pura ilusão. O mesmo conceito é repetido em todas as grandes tradições iniciáticas da antiguidade, e agora até a nossa ciência está começando a descobrir isto. Quando chegarmos lá e compreenderemos, estaremos mais próximos do céu.
Roberto Numa
Fonte:Projeto Orbum
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