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domingo, 22 de junho de 2014

O Voo Da Gaivota

Quem não aprecia o voar de uma gaivota? Lindo! Todos os pássaros são maravilhosos, mas ela, especialmente, pois voa ainda mais alto e desce, de vez em quando, para se alimentar; tem asas possantes e me dá sempre uma sensação de liberdade, de viver acima dos problemas de nosso mundo.

Esta imagem me veio à consciência e junto com ela a ideia de que nós também podemos voar acima das preocupações e das dificuldades, em busca de uma visão mais abrangente da vida, através da expansão de nossas consciências.
Temos a mania de enxergarmos tudo através da ótica estreita de nossos interesses particulares, de nossos conceitos, crenças e desejos. Mas, para sermos mais justos com a Vida, é preciso que lembremos que nossa visão fica muito particularista e fragmentada quando usada dessa forma.
Somos influenciados por um sem número de variáveis que determinam o nosso pensar, mas ao lado disso, somos também cidadãos de um planeta em particular, somos seres cósmicos, somos todos irmãos em essência, somos todos um...
Para crescermos em compreensão, precisamos fazer como a gaivota. Ir além, bastante expandidos, nos colocando sempre no lugar do outro que se apresenta de forma diferente de nós, mas que também tem uma vivência muito diversa da nossa.
Querer compreender o outro como se ele fosse como a gente, é uma forma errada e muito limitante de agir.

Somos o que já éramos, quando encarnamos, mais as influências todas que vimos sofrendo durante os anos principais de nossa formação, passando pelas provas e lições que a grande terapeuta -a Vida- vem nos apresentando o tempo todo.
Por que não nos colocamos no lugar do próximo, antes de julgá-lo, de tentar emitir conceitos sobre ele?

Voar acima da realidade, sempre que possível, vai nos proporcionar uma visão mais ampla e diversificada dela e certamente mais verdadeira.
O que sabemos nós, o quanto podemos nós, como seres humanos, navegando em meio a tantos acontecimentos diferentes e incontroláveis?

Sempre estamos influenciando e sofrendo influências, de tudo e de todos. Num intrincado jogo de xadrez onde cada pedra que se move modifica tudo, para todos.
Muita mudança...

Mas, acima de tudo, num voo mais alto, acima das diferenças e das turbulências existe certa calmaria, um vento ameno que nos acolhe e nos ensina que nada é assim tão exatamente como parece, mas tem nuances, é complexo, multifacetado e é como precisa ser naquele instante.
Quanto mais formos capazes de abandonar um pouco nosso ego, nossa personalidade limitadora, mais alçaremos paragens amplas e iluminadas em nós mesmos.
Quando tudo em um dado momento parecer obscuro, difícil de ser compreendido, lembremos do voo da gaivota. Procuremos ir dali para mais além, abarcando uma realidade maior, sem limites, entrando em contato com uma dimensão em nós que é livre de rótulos e de limitações, onde somos e isso nos basta, onde a sensação de pertencer nos acolhe e nos fortalece...

A gaivota alça voo no espaço exterior e nós nos libertamos também quando vamos para além do ego, do nome, sexo, sobrenome, cidadania e penetramos na região do Amor e da Paz, onde nada disso tem grande importância.
Aí nos encontramos verdadeiramente. Aí compreendemos o outro como é e nos apaziguamos, pois percebemos que existe algo muito maior do que todas essas diferenças e particularidades, que nos une e que nos torna conhecidos uns dos outros.
A imagem é muito forte - a da gaivota em seu voo! A mensagem é clara: não se deixe abater pela dificuldade do dia-a-dia. Voe... Vá além e busque a liberdade e a plenitude de seu Ser. Aí, se abasteça de paz, do conhecer mais profundo e se fortaleça para encarar a realidade com mais serenidade.
Cada dia mais atropelados pelo mundo real, imersos numa realidade barulhenta, cheia de necessidades e desejos, só procurando a nós mesmos poderemos nos salvar, me parece.

Alcemos voos como as gaivotas e certamente compreenderemos que muito pouco é possível definir, do que nos acontece, mas que estamos imersos num universo dinâmico que nos impele para onde precisamos e merecemos ir.
Por Maria Cristina Tanajura


Publicado por Adriana Carmona

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