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quinta-feira, 26 de junho de 2014

O Silêncio E Sua Eloquência


Há milênios que os homens fazem ruído para encobrir o silêncio que há em si.
Há milênios que batucam, cantam, dançam para evocarem forças superiores a si próprios, para apoio ... para fugirem de si ... do seu próprio silêncio.
O silêncio interior é tão profundo quanto o silêncio do deserto ... !                                 
Dizem que o silêncio interior é o mais difícil de suportar.
O homem tenta, às vezes, mas na maior parte ... desiste ... não aguenta ... vai ... segue em frente para novas aventuras ... sempre fora de si próprio.
A nossa civilização não aprecia o silêncio e por isso não o cultiva ... pelo contrário ... fugimos a ele e quando no meio da nossa azáfama e por qualquer motivo surge uma pausa de silêncio, logo olhamos uns para os outros, perplexos, como se nos faltasse qualquer coisa.
Habituados às nossas máquinas musicais e falantes, logo nos encontramos sós e carregamos no botão mágico que nos restitui a nossa atmosfera pessoal.
Também vivemos uma cultura que preza muito as relações humanas e que se desdobra em contatos e palavras.
Rica em todas as espécies de comunicação, não somos, todavia, mais ricos em comunicabilidade. Não é a avalanche de palavras que, por si só, faz crescer a comunicação.
Essa falta de silêncio, porém, acaba por comprometer a própria palavra já que só são portadoras de espírito e humanidade as palavras que gerámos e acalentámos no silêncio criador.
Tornamo-nos, assim, repetidores de frases feitas e lugares comuns, que nem sequer analisamos ou criticamos, porque não existe o tal silêncio de discernimento e de criação, que nos poderia proporcionar uma palavra original.
É por isso que o silêncio pode ser condição de eloquência e deve ser por nós cultivado como atmosfera necessária para uma comunicabilidade mais fecunda.
É por isso que não devemos multiplicar as palavras ... mas antes os silêncios ... os muitos silêncios onde cada palavra pode crescer e impor-se como uma comunicação inadiável ... ditada pelo Amor ... orientada para a Vida  !
Finalmente ...
                                  O ruído serve para nos calarmos ...
                        O silêncio serve para se Ouvir ...
                          Só quem ouve é que Sabe ...
                          Só quem sabe é que Intui ...
                          Só quem intui é que Sente ...
                          Só quem sente é que VIVE.

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